Teorias e Melancolias

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John Ruskin e o Conflito entre a Geologia e a Fé Religiosa no Século XIX

    O século XIX foi um período de mudanças sísmicas nas esferas da ciência, religião e pensamento social. Uma figura emblemática desse tempo de transformação foi John Ruskin, um influente escritor, crítico de arte e pensador social. A famosa declaração de Ruskin em 1851, "Se pelo menos os geólogos me deixassem em paz, eu ficaria muito bem, mas aqueles terríveis martelos! Ouço o martelar deles ao fim de cada cadência dos versos da Bíblia", destaca o conflito entre as crenças religiosas tradicionais e a emergente ciência geológica. Neste artigo, exploraremos o contexto e as implicações desse conflito e a influência de Ruskin nesse debate.


Contexto Histórico


    O século XIX viu uma revolução nas ciências naturais, incluindo a geologia. Figuras proeminentes como Charles Lyell propuseram a ideia de que a Terra tinha uma idade muito maior do que aquela descrita na narrativa bíblica. Essa perspectiva desafiou diretamente as crenças religiosas dominantes, que defendiam uma visão da Terra como uma criação divina, com uma história relativamente curta, baseada no relato da Criação bíblica.


O Conflito de John Ruskin


    John Ruskin, um cristão devoto, sentiu profundamente esse conflito entre a geologia emergente e sua fé religiosa. A afirmação de que ele "ficaria muito bem" se os geólogos o deixassem em paz reflete sua angústia diante das novas descobertas geológicas. Para Ruskin, a geologia, com suas evidências de uma Terra muito mais antiga, parecia minar as crenças religiosas que ele mantinha.


    A menção aos "terríveis martelos" alude ao trabalho dos geólogos, que usavam martelos para quebrar rochas e examinar fósseis. Para Ruskin, esse som parecia perturbador, como se a ciência estivesse "martelando" as bases de sua fé a cada batida. Isso reflete a tensão que ele e muitos outros enfrentaram ao tentar reconciliar suas crenças religiosas com as descobertas científicas.


A Influência de John Ruskin


    Ruskin era uma figura de grande influência em sua época. Seus escritos abordaram não apenas questões de arte e estética, mas também questões sociais e políticas. Embora ele tenha expressado seu desconforto com a geologia e a ciência em geral, suas opiniões não o impediram de continuar a explorar temas variados em seus escritos.


    É importante observar que, mesmo diante do conflito interno de Ruskin, ele não se posicionou como um inimigo da ciência. Sua preocupação era principalmente pessoal, uma tentativa de harmonizar suas crenças religiosas com o avanço do conhecimento científico. Seu trabalho abriu caminho para discussões posteriores sobre a relação entre ciência e religião, um tema que continua a ser debatido e explorado nos tempos modernos.


Conclusão


    John Ruskin, com sua declaração sobre os geólogos e os "terríveis martelos," personifica o conflito intelectual que marcou o século XIX. Seu dilema entre as crenças religiosas e as descobertas científicas ilustra as tensões da época e ecoa em debates contemporâneos sobre a relação entre fé e ciência. A influência de Ruskin transcende seu próprio tempo, lembrando-nos da complexidade de reconciliar tradições religiosas com o avanço do conhecimento científico. Essas questões continuam a moldar o diálogo entre ciência e religião nos dias de hoje.

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