"...Porém, esses esforços não foram bem-sucedidos; os judeus e os cristãos-novos da Antuérpia se dirigiram, como vimos, para Amsterdã. Depois que a Antuérpia já havia perdido muito do seu antigo esplendor em virtude do êxodo dos judeus, percebeu-se, então, no século XVII, com toda nitidez, a importância que tinha o povo judeu como multiplicador do bem-estar. A comissão instituída em 1653 para examinar a questão se os judeus deveriam ser admitidos na Antuérpia pronunciou-se a respeito nos seguintes termos:
Et quant aux autres inconvénients que l'on pourrait craindre et appréhender au regard de l'intérêt public, à savoir qu'ils attireront à eux tout le commerce, qu'ils commettront mille fraudes et tromperies, et que par leur usure ils mangeront les substances des bons sujets et catholiques, il nous semble au contraire que, par le commerce qu'ils rendront plus grand qu'il n'est à présent, le bénéfice sera commun à tout le pays et que l'or et l'argent seront en plus grande abondance pour les besoins de l'État.²⁷Os holandeses do século XVII, no entanto, viram com suficiente clareza o que haviam ganhado com os judeus. Quando Manassés ben Israel foi à Inglaterra em sua conhecida missão, o governo holandês suspeitou que poderia se tratar de trazer os judeus holandeses para a Inglaterra. Por isso, ele encarregou o seu legado na Inglaterra, Neuport, de perguntar a Manassés quais eram as intenções dele. Neuport presta um relatório (dezembro de 1655) tranquilizador ao seu governo: não haveria qualquer perigo..." ______ 27 Ouverleaux, Notes et documents sur les juifs de Belgique, Revue des Études Juives, v.7, p. 262. ["E quanto aos outros inconvenientes que se poderia temer e que poderiam gerar apreensão no tocante ao interesse público, a saber, que eles atrairão para si todo o comércio, que cometerão milhares de fraudes e trapaças e que, por meio de sua usura, comerão a substância dos bons sujeitos e bons católicos, parece-nos, ao contrário, que, por meio do comércio que eles tornarão maior do que é atualmente, o benefício será comum a todo o país e que haverá ouro e prata em maior abundância para as necessidades do Estado" - N.T.] Sombart, W. (2014). Os judeus e a vida econômica (S. Levy, Trad.). São Paulo: Editora Unesp. (Obra original publicada em 1911).
Menasseh ben Israel (Madeira, 1604 — Middelburg, Países Baixos, 20 de novembro de 1657), nascido Manuel Dias Soeiro, foi um pensador português, líder religioso da comunidade judaica de Amesterdam, fundador da primeira impressora portuguesa naquela cidade e incentivador da moderna comunidade judaica na Inglaterra. Foi o primeiro rabino português formado em Amesterdam.
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